CONGRESO EN ESPAÑA

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O ENSINO DE ESPANHOL COM A LEI 11.161

Maria da Ajuda G. Laranjeiras

Com as novas relações internacionais firmadas entre Brasil e nações de língua espanhola, por meio do Acordo do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), há uma crescente implantação do idioma espanhol nas escolas brasileiras, principalmente após a Lei 11.161, de 05 de agosto de 2005, possibilitando uma maior aproximação linguística entre Brasil e os países hispanohablantes. Sabe-se que o Espanhol é uma das línguas mais importantes nas relações comerciais internacionais,daí sua importância no sistema educacional brasileiro, uma forma de aproximar nossa cultura às novas exigências do mundo contemporâneo e elevar o nível de conhecimento dos jovens aprendizes de um idioma estrangeiro para as novas possibilidades de trabalho que surgirão.

Segundo as orientações curriculares nacionais, “a aprendizagem de uma língua estrangeira favorece o conhecimento de mundos plurais, marcados por valores culturais diferentes e maneiras diversas de organização política e social”. (BRASIL, 1998, p. 18). Por isso, entender o funcionamento deste ensino e saber como o sistema educativo poderá abordar a implementação dessa disciplina na sala de aula é fundamental para o sucesso do ensino/aprendizagem dos futuros aprendizes desta língua, cuja Lei os assiste:

§ 5º. Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

As relações existentes entre o Brasil e as nações de língua espanhola, bem como a implantação de uma Lei que obriga o sistema educativo brasileiro a oferecer o idioma hispano é um avanço no ensino de línguas e representa mais opção de acesso a aprendizagem de outra língua estrangeira.

A implantação do espanhol nas escola é uma das formas de contribuir com seu papel social de formar cidadãos preparados para o novo contexto do qual fazem parte, principalmente pela possibilidade de conhecimento, não só do idioma em si, mas de novos horizontes no âmbito intercultural, um dos eixos norteadores quando se discute a função educacional do ensino de línguas, visto que fomenta a reflexão de temas, intrinsecamente, relacionados tais como heterogeneidade, diversidade cultural e alteridade, princípios imprescindíveis para a compreensão e construção identitária na sociedade contemporânea. Assim, torna-se imprescindível incorporar ao currículo novas alternativas idiomáticas que atendam às necessidades dos estudantes, e o espanhol, sem dúvida, ampliará muito os conhecimentos e horizontes culturais dos educandos e os habilitará para uma realidade muito mais próxima nas relações interculturais e linguísticas com países hispanohablantes.

Sabendo que “a aprendizagem de uma língua estrangeira favorece o conhecimento de mundos plurais”, é necessário que o professor também esteja imbuído dessa grande responsabilidade na formação linguística e práticas sociais dos educandos, que esteja continuamente investindo em seu potencial docente, buscando novos caminhos para promover um ensino cujos alunos possam desenvolver habilidades significativas em relação ao desenvolvimento da interação pela linguagem e por em prática as quatro destrezas: oralidade, escrita, leitura e compreensão auditiva. Os Parâmetros Curriculares Nacionais fomentam esse ensino pautado em situações que habilitem os alunos a desenvolver seu potencial linguístico-discursivo. No documento, “toda educação comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para que o aluno possa desenvolver sua competência discursiva”. (PCN, 1999, p. 129). Esse é um dos grandes desafios da escola: criar mecanismos eficazes para que o aluno possa assumir os discursos necessários a essas interações sociais e por em prática os diversos tipos de interações sociocomunicativas.

Para formar um aluno com esse novo perfil, que vai além da habilidade linguística, requer do educador a mobilização e articulação entre conhecimentos, tradicionalmente transmitidos, e novos elementos socioculturais. Diante desse contexto espera-se que o espanhol não seja apenas mais uma disciplina a incorporar a grade curricular das escolas, mas um diferencial na aprendizagem e crescimento intelectual, pessoal e humano dos futuros aprendizes dessa segunda língua.

Abaixo, seguem orientações para os professores da Regional de Araguaína planejarem suas aulas de Espanhol, de forma a promover um ensino, cujos alunos possam por em prática esse idioma que chega às escolas e assumirem seus distintos papéis no competitivo mundo contemporâneo.


Ao planejar as aulas de Língua Espanhola, o professor deve atentar para situações didático-pedagógicas que promovam algumas habilidades necessárias aos aprendizes de uma língua estrangeira:

 Entender a importância da inserção da Língua Espanhola no atual contexto sócio-cultural e linguístico no Brasil.
 Conhecer e compreender, por meio de textos diversos, os diferentes comportamentos socioculturais dos países falantes da Língua Espanhola.
 Ler, compreender e se posicionar criticamente diante das diferentes informações relacionadas ao Brasil e a outros países, quanto aos diversos aspectos sócio-culturais (abordagem dos aspectos históricos, geográficos e culturais dos países falantes da Língua Espanhola fazendo comparações entre as temáticas envolvendo esses países).
 Compreender a diversidade linguística dos países hispanohablantes.

Utilizar-se do dicionário, conhecendo a sua estrutura para esclarecer dúvidas com relação à ortografia, ao significado das palavras, à morfologia e à fonética.
 Comunicar-se, oralmente ou por escrito, trocando informações sobre o cotidiano.
 Criar diálogos e ou pequenos textos que relatem ações, situações e acontecimentos no tempo presente, passado e futuro.
 Conhecer os sons em atividades orais simples associando-os às letras do alfabeto espanhol. Para isso os aprendentes do idioma espanhol devem conhecer o alfabeto desse idioma.
 Ser capaz de utilizar e valorizar as novas possibilidades de comunicação por meio da língua espanhola, buscando as diversas maneiras de expressar-se, utilizando os mecanismos da Língua que garantam a coesão e coerência na produção oral e escrita.
 Ser capaz de ler e compreender textos curtos em diversos gêneros textuais, como: charges, tiras, HQ, bilhetes, cartazes, formulários e outros de fácil circulação no contexto social.
 Ler e Interpretar textos na busca de informações específicas e gerais.
 Ler e/ou dramatizar os diversos gêneros textuais atentando para a fluência e entonação frasal.
 Identificar, reconhecer e redigir palavras e expressões, relacionando-as e associando-as com as da língua materna, através de atividades lúdicas (orais e escritas).
 Identificar, em atividades orais e escritas, a finalidade de textos de diferentes gêneros.
 Demonstrar conhecimento linguístico fazendo associações para exercitar o raciocínio, a reflexão e o insight no uso da língua espanhola.
 Ler, escrever e utilizar numerais cardinais para indicar idades, números de telefone, quantidades, horas, datas e valores.
 Formular hipóteses sobre a leitura a partir de seu conhecimento prévio e de mundo.
 Inferir sentidos às palavras e expressões durante a leitura e interpretação de textos por meio de pistas contextuais.
 Ler e comparar textos em espanhol que abordem um mesmo assunto e que apresentem opiniões diversas.
 Escrever pequenos textos sobre si mesmo (tempo presente), a partir de vocabulário pesquisado e estudado em sala de aula, por exemplo, biografias e narrativas / memórias.
 Expressar oralmente e/ou por escrito opiniões e impressões sobre fatos, situações, experiências, desejos, emoções e outros.
 Reconhecer a função social dos gêneros textuais em língua espanhola, explicitando a relação entre o texto e o seu uso nas práticas cotidianas.
 Estabelecer relações e fazer inferências a partir da relação entre os textos verbal e não-verbal.
 Identificar efeitos de ironia e o humor em histórias em quadrinhos.
 Compreender e posicionar-se em relação ao tema abordado, utilizando o idioma espanhol.
 Compartilhar no grupo informações em textos oral e escrito.

Sugestão de gêneros que podem ser utilizados no desenvolvimento das habilidades acima:

- autobiografia
- músicas
- contos
- crônicas
- notícias
- peça de teatro
- gêneros de sites de relacionamento
- poemas
- cartas
- bilhetes
- HQ
- verbete de enciclopédia
- anúncios
- receitas
- cardápios
- cartazes
- outros que o professor acredita ser pertinente.


Referências

BRASIL, Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC. 2006.
BAGNO, Marcos et al. Práticas de Letramento no ensino: leitura, escrita e ensino. São Paulo: Parábola, 2009.
BRASIL, Ministério da Educação. LDB nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em : http://eproinfo.mec.gov.br. Acesso em 13 de agosto de 2011.
BRASIL, Ministério da Educação. Resolução Nº 58 de 22 de dezembro de 1976. Disponível em http://www.mec.gov.br. Acesso em 14 de julho de 2011.
BRASIL, Ministério da Educação. Resolução Nº 8, de 1 de dezembro de 1971. Disponível em http://www.mec.gov.br. Acesso em 14 de julho de 2011.
BRASIL, Ministério da Educação. LDB 1961. Disponível em http://www.mec.gov.br . Acesso em 14 de julho de 2011.
BRASIL, Ministério da Educação. PCN+ Ensino Médio - Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 1999. Disponível em http://www.mec.gov.br
BRASIL. Ministério da Educação. Decreto Lei n. 2.356, de 1 de julho de 1940. Disponível em: http://www.senado.gov.br/sf/ . Acesso em: 15 de julho de 2011.
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de Linguagem: Por um interacionismo sociodiscursivo. 2ª Ed. São Paulo: Educ, 2007.
HENGEMÜHLE, Adelar. Gestão de ensino e práticas pedagógicas. Petrópolis: Vozes. 2005.
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JUNG, Neiva Maria. Letramento: uma concepção de leitura e escrita como prática social in BAGNO, Marcos et al. Práticas de Letramento no ensino: leitura, escrita e ensino. São Paulo: Parábola, 2009.
LEI Orgânica de 1942. Decreto-lei n. 4.244 – de 9 de abril de 1942. Lei orgânica do ensino secundário. Disponível em http://www.mec.gov.br.
MEC - Ministério da Educação e Cultura . Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio: Brasília: MEC/SEF. 1999.
SEDUC – Secretaria da Educação do Estado do Tocantins. Proposta Curricular para o ensino médio.. Palmas: SEDUC. 2009.
SEDUC – Secretaria da Educação do Estado do Tocantins. Referencial Curricular Ensino Fundamental. Palmas: SEDUC. 2008.


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